O domínio da língua portuguesa permite a comunicação com o outro e uma melhor interação com a sociedade que se revela fundamental para uma plena integração na sociedade portuguesa, incluindo no mercado de trabalho. É indispensável para a apresentação dos pedidos de nacionalidade portuguesa, de concessão de autorização de residência permanente e de concessão do estatuto de residente de longa duração. O domínio da língua da sociedade de acolhimento assume-se como um aspeto fundamental de integração. A compreensão da língua do país de acolhimento é, pois, considerada um aspeto fundamental no processo de integração.
O português é uma das línguas mais faladas do mundo. Com efeito, a expansão da lingual portuguesa deveu-se a motives religiosos, comerciais e económicos. Povo de descobridores, missionários e comerciantes no tempo da expansão, povo de emigrantes à procura, em tempos mais recentes, de melhores condições de vida. A preocupação da população que permanecia no território era garantir que os emigantes e seus descendentes não esquecessem a língua e as culturas maternas fossem divulgadas lá fora. Hoje em dia a preocupação dos portugueses em relação à língua deve ser apenas a sua correta compreensão e utilização por portugueses e a sua divulgação no estrangeiro. Esta preocupação deverá atingir sobretudo as nossas escolas e agentes educativo
O ensino da língua é uma responsabilidade do país de acolhimento. A aquisição de competências linguísticas e comunicativas processa-se de forma diferente de indivíduo para indivíduo, havendo, para a maioria, duas etapas distintas, mas interligadas:
• A fase do acolhimento
• A fase da integração
Na fase de acolhimento, as aulas têm, como objetivo principal, a familiarização com a língua e a cultura portuguesa, visando, também
• Minorar o isolamento físico e psíquico;
• Estimular a autonomia;
• Facilitar relações interpessoais e interculturais.
Neste sentido, a assiduidade às aulas é, frequentemente, sintomática de uma atitude positive indiciadora de esperança no futuro e vontade de ultrapassar o grande obstáculo que é o desconhecimento da língua.
Na fase de integração, a formação profissional, o reconhecimento de competências e a inserção no mercado de trabalho são as maiores preocupações. Perante pessoas tão diferentes, com idades, antecedentes académicos, experiências de vida e expectativas tão diferentes, há que adaptar as metodologias aos interesses e às necessidades concretas dos estudantes, para desenvolverem as suas potencialidades e melhorarem as suas capacidades de comunicação e uso da lingual nos múltiplos contactos da vida social e profissional.
Componente sociocultural
Visa criar elos de ligação com o espaço/sociedade em que estão inseridos, incluindo, as seguintes atividades: Conhecimento de factos históricos e socioculturais associados a festas, tradições e costumes, datas históricas ou comemorativas, nomeadamente
• Idas para a rua, visitas ao supermercado;
• Visitas a museus, exposições, parques;
• Idas ao teatro;
• Passeios;
• Convívios, jogos e festas.
Numa população carente de laços sociais e afetivos, estas atividades são particularmente importantes, pois favorecem um maior relacionamento interpessoal e intercultural; facultam muita informação sobre o país e a cultura portuguesa nos seus múltiplos aspetos; proporcionam um claro alargamento do vocabulário; estimulam o debate nas aulas, o que conduz, inevitavelmente, a descodificações, comparações, etc.
Além disso, facilitam o diálogo intercultural, numa partilha de conhecimentos e ideias propiciadas pela diversidade de países de origem. Mas a língua é mais do que vocabulário, gramática e uma pronúncia bonita. Encerra história, tradições, códigos sociais e culturais.
O ensino-aprendizagem de uma nova língua passa necessariamente, pelo conhecimento da cultura do país, mas num ambiente de respeito e valorização do estudante e da sua cultura, num diálogo intercultural em que se compartilham semelhanças e diferenças.